quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Senhorias e Vadias ias ias

Cantei versos de uma antologia
E para a cantiga dessa fantasia
Quando a condessa da vila, a senhoria,
Deu-me um bom dia
Continha uma cesta com uma grande melancia
E mesmo com o peso ela sorria,
Pelos campos de sua sogra, Dona Maria.
Sorrisos porque mulher casada não chora em público nenhum dia.
Enquanto o raio de sol brilhava entre a abadia,
Ela se deparava com a vadia,
"Ninguém" era o nome da pobre que mal tinha uma estadia.
Sentia a morte porém vivia,
Apesar de seus serviços de dar alegria
Ao homem casado com quem ela dormia,
em sua biografia
continha uma especie de agonia.
Forte eram suas pernas que erguiam
Seu corpo para o outro dia.
O mundo sentia
Varias vadias,
Muitas senhorias
Em diversas Bahias,
Em todas as confrarias
Da boemia
E até mesmo nas confeitarias
Da calmaria
à baratas bijuterias.


Viva a nossa mórbida Democracia, Diplomacia, Meritocracia, Simpatia, Epilepsia, Epidemia, Dicotomia, Disritmia, Baixaria, Poligamia... Vivam todos os "ia"!
Dessa nossa sociedade romancista e não realista, onde traição é rotineira como comprar um pão em uma padaria.


- João Paulo Hoffmann

domingo, 10 de agosto de 2014

CRONICAS DE BENTA JHONSON - Livro TORRE 3001

Histórias como a de Benta Jhonson são contadas através de vivencias, e não por simples palavras ditas necessárias para descrever alguém.
Acompanhe os secos e inefáveis 30 minutos do dia de Benta Jhonson. Literato e vagabundo, escreveu esse rascunho num livro com o número 7 em sua capa:



Parei em meu edredom após uma quarta feira corrida e árdua.
Peguei a caneta com tinta falha...

Quero escrever com o tempo,
Sobre a casa bonita da esquina escondida entre as arvores do outono nostálgico.
Fantasiar sob a imensidão da nossa coexistência. Imaginando retratos antigos de vidas passadas

Sempre contendo eu, você, nós, um.
Um, seja artigo ou numeral
Um amor, um só coração.
Alma gêmea só em música romântica da jovem guarda.

Aqui, tento exaltar almas semelhantes, que juntas formam o utópico
Componho então a nota harmônica incerta e ao mesmo tempo perfeita.
Uma ressonância de vibrar o pensamento negativo transmutando-o em amor...

Então aparece - interrompendo meu pensamento romântico - a bela vizinha de condomínio que outrora provara do meu doce. Gritava versos de raiva, não me lembro ao exato, mas, o contexto é o que importa, mesmo que seja algo surrealista.
"Poeta maldito, que forja tal sentimento sem nunca ter sentido um misero ℅ em seu coração, só o faz para suprir necessidades carnais. Seu pecado é a luxuria e seu orixá está te orientando, mas preferes viver surdo".
Mulher, se eu te consumi um dia, lhe concedi o ópio do próprio utópico ócio. Coração é a junção de duas palavras, cor e ação, a cor é para dar a graça, o elemento importante é a ação.
Escrevi o nosso alento, entretanto, para isso se transformar em algo contínuo é necessário outras estrofes de dias vividos. Eu procuro...  É pecado ser assim?
Não te passas a ideia que é doloroso escrever um sonho sobre o mar sem nunca ter ido a praia?

Pessoas amam por amar e odeiam por odiar.


Prefiro viajar no infinito, sim, sou um viajante da sinestesia. Escrevo sobre o perfeito sentimento, sobre a ideia utópica, sobre a amada querida, mas a verdade é que somente escrevo, escrevo somente para não morrer, externizo e eternizo em versos.

Meu nome é Benta Jhonson,
Nasci do sereno
Jogando bola descalço
Moleque novo, caboclo e moreno
Desde cedo homem de aço
Estilo rock à fé
Dizia versos loucos para a mulher
Que luta e sua e só quer se amada,
Nunca amei, 
mas meu Estilo BB King a deixou pelada.


- João Paulo Hoffmann


Escute a música inspirada neste texto, BENTA JHONSON BLUES:


3001 sessions:

terça-feira, 29 de julho de 2014

A.L.guém

Vento tocou a sua pele sedosa, o seu cabelo encaracolava-se nas pontas e as vezes até quebrava-se, mas o que importa é a essência no conjunto romântico, onde defeitos se confundem com qualidades pois tudo é uma beleza arquitetônica.
O olhar hipnotizava-me sempre, encarando o meu subconsciente, o olhar mais sincero que já encontrei nesse mundo hipócrita, combinava perfeitamente quando inclinava os olhos um pouco para conceder um sorriso singelo, formando covinhas.
Exalava em seu corpo uma fervura que a protegia contra o frio, essa era a nota de que o sorriso dela era independente como o sol, eu, no entanto, era dependente do seu sorriso como a lua que depende do sol… ao menos nos momentos que a respiração se confundia com as idas e vindas das ondas do mar, o mais incrível é que esses momentos eram tão únicos que nós conseguíamos parar para perceber isso.



- João Paulo Hoffmann

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Nave Groove - Eu Canto

E a música nasceu de uma poesia de 2012 (AQUI)

Um senhor aposentado disse pra mim uma vez que a música e a poesia não servem para ganhar a vida, você só ganha dor e uma morte falida.
Palavras estranhas aos meus ouvidos,
pois sempre que penso na morte...eu canto
Sempre que penso na vida... eu canto
Sempre que penso na dor... eu canto
Sempre que penso na alegria... eu canto
O tudo é a poesia
Até a noite o mar e o dia
A realidade e a fantasia.

A vida é feita de coragem
Não sei se a gente perde, não sei se a gente falta, mas sei que a gente traga essa vida à nossa estrada

O mundo é feito de muita vontade
Não sei se a gente fala, não sei se a gente escolhe, mas sei que a gente é o que a mente nos traga

Canto com a cara de quem só faz mal
Seco o pranto, pois nada tem a força e nem o poder tanto
A música, o tom, a batida de um pandeiro
Revolta Contemporânea aos escravos do dinheiro.
É não querer estar cego, tampouco fugir da realidade, só vejo que muita coisa não tem valor de verdade.
Quero estar tranquilo, ignorar banalidade.
Viver intensamente bem, não fazer mal a ninguém
Refletir nas maravilhas que a vida provém.
Ei você senhor ai aposentado não venha me julgar... Pois segundo o grande Raul Seixas: A FORMIGA SÓ TRABALHA PORQUE NÃO SABE CANTAR.

E ENTRE UMA MORTE FALIDA E UMA VIDA BEM VIVIDA, EU CANTO

Composição: João Paulo Hoffmann e Saulo Lyrio


versão studio brown


versão acústica + escaleta


quarta-feira, 14 de maio de 2014

Vírus do Tiozinho - Livro TORRE 3001


Tiozinho abre uma lata de cerveja - depois de beber metade de uma garrafa whisky 12 anos - dá um gole e entra no seu carro de 80 mil reais, grita para seus filhos entrarem no carro.

- O filho mais velho (15 anos) estava feliz por ter transado pela primeira vez em um bordel que seu pai o havia levado.
- O filho de 13 anos quis fazer aula de pintura, mas não pôde pois seu pai disse ser coisa de marica.
- A filha mais nova de 11 anos está triste, pois o seu pai dispensou a empregada Maria por ter um filho (Jesusinho) que é o melhor amigo da filhinha do patrão.

O tiozinho é contra ações sociais e acha que o Brasil progrediu na ditadura com Itaipu e a ponte Rio Niterói. Viajou esses dias de avião e achou um absurdo sentar ao lado de tanta gentinha.
Mas tiozinho é gente boa, vai a igreja todo domingo e até da esmolas aos mendigos.

Tiozinho é senador e foi eleito usando promessas de melhoria da educação publica - seus filhos estudam na melhor escola particular da sua cidade.

Tiozinho é contra o fato de pessoas do mesmo sexo poderem casar e adotar um filho. Interessante pensar que aos sábados a noite ele contrata travestis para usar e abusar, enquanto seus filhos mal veem o pai, e quando o veem está muito ocupado ou bêbado. Todavia, Tiozinho é um bom pai, nunca deixou faltar nada para seus filhos, apenas o amor, mas amor é coisa de vagabundo.

O tiozinho (que bebe ao menos duas doses de bebida quente por dia) começa a falar que drogado não merece ser internado e nem ser tratado por especialistas, "todo drogado é bandido por financiar o trafico e merece ir pra cadeia".
Em falar de bandido, o Tiozinho acha que bandido bom é bandido morto... e que matar galinha pra fazer macumba é algo desumano.

Nenhum de nós está livre de ser abatido pelo vírus do tiozinho.
Mas a vacina ta aí,
Toma quem quiser.

João Paulo Hoffmann e Ciro Carvalho