No doce da madrugada de uma segunda, embaixo do meu edredom,
com frio, muito frio, sentia inverno.
Não trabalhava há meses, só fazia faculdade pela noite –
aquele típico primeiro semestre de matérias propedêuticas – e amava a música.
Pessoas mais velhas chamariam a mim de vagabundo: depois dos 18 e não
trabalhar? Jamais, tio.
Ô sono, maldito cobrador que batia em meus olhos. Queria
retratá-lo, mas as palavras já haviam sido perdidas, o cansaço as matou. Se bem
que a tentativa era tão satisfatória por si só que resolvi pensar em situações
aleatórias para ver se dava algum início de uma futura crônica, haja vista a falha
tentativa de cronitizar meu sono.
Pensei em aqui, ali e ati (away to infinity). Pensei em
zangões matando rainhas. Da cigarra vagabunda cantora que não precisa
trabalhar, e que passa frio, muito frio no inverno. Pensei nos dias perdidos e
nas noites bem aproveitadas... Dormi.
- João Paulo Hoffmann.