sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

PROFESSOR AFAR SEDNEM - LIVRO TORRE 3001 (3ª PARTE)


3ª PARTE: PROFESSOR AFAR SEDNEM         

     
        Assim que o nível de sobriedade se tornava fluente, dava-me conta que estava atrasado para a melhor aula da minha faculdade. O professor Afar Sednem ministrava um curso de literatura para loucos na Academia Bottom e era professor do curso de Letras na Universidade Estadual do Cacau).

[O prof.º Afar sentava em uma cadeira na frente de todos, como um macaco pensante do filme Planet of the Alpes sentado numa rocha, e falava coisas que entravam em nossas mentes, como uma semente de Yggdrasil. Professor o qual apesar da sua pouca idade, tinha estudos em diversas áreas, era um verdadeiro sage, andava com o seu cabelo dread escutando o manguebeat de Chico Science, citava Macbeth, fazia jus a Macunaíma e a Chapolin (como um verdadeiro Anti-herói latino americano, índio, preto e branco), agia com a justiça e sabedoria de Antônio Conselheiro e, conhecia o lado verdadeiro de Lampião. Um tanto de cultura com um pouco de loucura. Durante o curso, os discursos de justiça faziam as paredes da sala de aula tremer. O oxigênio era transmutado em cultura!]

        Por conseguinte, Resolvi enviar uma SMS para o celular do Afar, justificando a minha falta:
“Professor Afar Sednem, não serei formal, visto que formalidade entre loucos é tido como loucura. Não irei ao seu curso hoje, tive uma aula de campo a qual será essencial para seguir o seu conselho e o de Raulzito que aprendi em sua aula: “Antes de ler o livro que o guru lhe deu, você tem que escrever o seu”. Se hoje fosse ao curso, seria sinal que nada aprendi. Forte abraço”.


       Sexta-feira, dia em que os homens trabalham olhando três vezes mais para o relógio, e após o último dia de trabalho árduo da semana,  eles se dirigem às suas casas, cultos, terreiros, bares... Para relaxarem contemplando a semana varonil que passara rápido como o pêndulo amargo da vida. Foi em uma sexta feira como esta, que um rasta bateu em minha porta e veio com uma notícia que parecia até piada surrealista: “Afar morreu, cabeça”.
       Até termos a confirmação, não conseguíamos acreditar, não porque a morte é algo difícil de aceitar, mas porque era impossível imaginar morto alguém tão vivo como Afar Sednem.
       Um dia depois da sua morte, tive um sonho, no qual ele passava na rua da minha casa, gritando “eu to aqui, eu to aqui, to bem, cabeça”, então eu saí e falei “cara, você morreu, Dinho, como você pode estar aqui na minha frente?”. Por conseguinte, ele me pediu para que o seguisse, fomos até um canal que estava em construção, ingressamos em uma estrada de lama que dava num grande buraco negro, então sugeri que fossemos por outra direção. Pegamos um caminho de areia de praia que dava no mar com o céu alaranjado. Chegando nesta praia encontramos Gilberto Gil cantando “Expresso 2222”, passamos por um rasta vestido de soldado e por uma menina de pele bem branca, rosto pálido e com um cabelo liso bem preto, tinha um óculos de grau grande para um rosto que era pequeno, e carregava uma mochila que parecia estar pesada, denotando conter muitos livros.
       Quando Afar tocou seus pés nas ondas, disse feliz: “Estou bem, cabeça”


Tudo que você sonhou
A semente que plantou
Virou uma arvore frondosa
Somos é a continuação
Dinho...
Tudo porque um dia você acreditou
Você acreditou em nós
Esse grito vai até o céu
Vai até você
Anunciar nossa luta
Um tanto de cultura, e um pouco de loucura
Cabeça, isso aqui é pra você.
Mariah, Mariah, salve a ti, salve nos.


  Quem tem um legado nunca morre, a história é eterna!



- João Paulo Hoffmann


Grito à Causa - música em homenagem a Rafael Mendes



segunda-feira, 28 de outubro de 2013

insônia-poesia-amor em uma madrugada suspeita

(poesia continuação da "sono-sorria")

Curo minha insônia contigo, escrevo, vivo, sinto.

Sintonize o que tiver que sentir, viva, respire.
Respeite o tempo, vento e pêndulo
Espetáculo se forma lá fora,
Rosas da primavera se tornam tuas
E faço você esquecer que anoitecem os dias, e as noites amanhecem. 
A hora não são os minutos, 
muito menos os segundos 
o tempo somos nós, no gesto do teu sorriso 
a vida se resume a isso. 
Pensar muito corrói, 
rir com você constrói, 
entrelaçado com a escolha, 
alucinado entre a folha que respinga a gota última do pranto que você deu.
Talvez você, viesse me salvar
E sim (se) você, viesse me curar.
Ao sentido do sol, ao caminho do mar.
A sua salvação, depende de ti, amor
A minha salvação... amor.
todos meus amigos se salvaram daqui.

Aqui?
Aqui!
Aqui, eu não sei se si vai aprender qualquer dia que for, e se vir e ser rei, memorar qualquer hora perdida, eu olhar o seu olhar, qualquer noite que é e qualquer dia que foi. Qualquer noite já é, nenhum dia já foi.
E se foi, recitarei tudo isso pra você dormir.

- João Paulo Hoffmann

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Sono-sorria

Ô sono, sinto-me inerte no tempo, nostalgizando o vivido verdadeiro, percebendo que a vida cobra.
Todavia, a cobra viva deu a maçã da verdade vivida de toda vida.
Havendo,
Esperando resposta vindo com vento
Que bate em meu peito
Coligando-se com meu coração.
Cor e ação.
A cor é para dar a graça.
O elemento mais importante é a ação,
Essencial para que a vida e os sorrisos sejam vividos e a gente viva sorrindo.
Sorria! Vá! Me chame de Raul, um Cigarra que não trabalha porque sabe cantar e ainda se atreve a estudar as leis dos homens.
É bom. Tente, se atreva a rir e a entender o que um Maluco sonhador e com sono tenta lhe dizer.
Ah
Deixe. Apenas terminarei com uma rima chiclete clichê:
Ao menos sorria,
Assim minha vida vira uma maravilha.

:)

- João Paulo Hoffmann

terça-feira, 2 de julho de 2013

Trânsito idiocrático

Procura sair mais cedo, planeja caminhos alternativos, usa e abusa da cortesia, concede passagem para outro veículo quando solicitado (isso evitará conflitos). 
Mantenha distância segura entre o seu veículo e o que segue a sua frente.
Não buzine, isso não melhora o fluxo...
...Fluxo ordinário,
antagônico,
onde placas e apitos autorizam
e os carros, fumaçam a agonia,
revelando e relevando FUMAÇA.
Moleque vendendo doce no meio de gritos, celulares, vidros fumês e caras fechadas que usam a clássica de querer fazer da boa ação, uma moeda.
(- venha, titio vai te ajudar, quero uma bala.)
“Idiocracia” aviltante que nunca regulou uma bússola.


- João Paulo Hoffmann


quarta-feira, 20 de março de 2013

Seu Eça Pistola - Livro TORRE 3001

Eça Pistola entra na casa grande de seu Patrão, o Coronel (chamado por um nome de muitos outros coronéis) Jesuíno e de uma sinhá muito da boa gente, conhecida como Sinhá Benta. Ela era bem diferente de seu esposo, que era um péssimo patrão e um homem que se aproveitava da fome de quem tem fome. Eça bem sabia disso.
Eça Pistola havia sido contratado para executar inimigos políticos e pessoais de seu patrão. Reza-se um boato de que este Coronel (Cabra de muito respeito pela alta sociedade da época, diga-se de passagem) mantinha sua sinhá presa desde os quatro anos de idade. 
Ela sofreu tudo que depõe contra uma infância e a liberdade. Pobre coitada... Mas era rica na sua pouca honra que ainda era dela.
Logo ao entrar na casa grande, Eça Pistola se depara com a Sinhá Benta de olho roxo por conta do seu marido:
- Queres almoçar, seu Eça? - perguntou a sinhá.
- quero não dona, agora, se tiver um "restinho de comida"... quero sim.
- Oxe, e como tem! Você come feijão, arroz e bife...?

Aquele que não seria um "almoço", mas, "um resto de comida", acabou sendo a melhor refeição, em meses, do seu Eça Pistola.          
Ele reconhecia a boa alma de Sinhá Benta... E graças a ela, um sentimento de justiça misturado com vingança (ódio contra o Coronel, e amor pela Sinhá), explodia dentro do peito de seu Eça.

Essa a cor da
Essa do trabalho
Essa morte
Essa soa
Essa cachaça
Essa fome
Essa tristeza 
Essa dignidade?

Eça reconhece 

Eça mata.


- João Paulo Hoffmann



(Os Trapalhões - O Cangaceiro Trapalhão - 1983)


sábado, 16 de fevereiro de 2013

Usque inferos ad sidera qum legem

"Usque inferos ad sidera qum legem", um intelectual conhecedor do direito diria que em latim significa "do inferno ao céu com a lei".
A definição feita dessa frase por um louco literato conhecedor da vida, seria "whisky do inferno no espaço sideral é legendário". Particularmente apesar de estudar a ciência do direito, eu avalio essa ultima definição como a mais pertinente.
Os loucos são os que mais sabem, principalmente os literatos...

- João Paulo Hoffmann


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

TELETRANSPORTE BOÊMIO - Livro TORRE 3001 (2ª PARTE)

1ª PARTE (CONTATO ANGELICAL, “CERTEZA DOS LOUCOS QUE BRILHAM”) CLIQUE AQUI

2ª PARTE: TELETRANSPORTE BOÊMIO


Acordei, a meditação fora tão profunda que por instantes pensei ter morrido. Fui o Nada e o Tudo, ao mesmo tempo.


Neste mesmo domingo era o aniversário de Jhihad, dia que aconteceu algo que eu só previa em filmes de ficção científica. Conheci uma maneira de me teletransportar, infelizmente, esta teoria até hoje não foi provada, pois os que a fizeram com êxito não lembravam muito bem dos cálculos.


Foram mais ou menos algumas incontáveis doses de conhaque e de repente, num piscar dos olhos, eu estava com a mulher da Casa Verde da Esquina Da Fé, numa praia com o céu alaranjado.


Naquela praia gelada, o fervor de nossos corpos chegava até nos queimar como o próprio Sol, fogo, labaredas que se dissipam no vento, vento que guia o seu cheiro e o seu gosto - provados exageradamente parte por parte, sua pele sedosa em nosso meio animal - para o lugar mais profundo que existiu na minha própria existência...


E sobre aquela moça, não conseguia me lembrar de onde, quando, como e o porquê. Todavia – e toda vida - não precisamos lembrar do óbvio. A natureza é natural por si só.



- João Paulo Hoffmann

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Amor de Platão (O rosto que precede o sonho / a nona viola)


Faço de você a minha ultima espera, a minha ultima metade, e o meu ultimo suspiro inesperado de um amanhã horas para sol, ora chuva.
Quando penso que só em ti, na sua voz, que encontro e descubro a nota harmônica mais perfeita e incerta, o que me ajuda a chegar em quem eu sou, e a entender quem sou eu, “maluco que sonha, sonhei”

Que avilta a minha alma.. Foi difícil, é sem tempo, será agora ou um sim talvez sempre nunca, isso tem me consumido, me atormentado, é masoquista só no ato de lembrar seu sorriso. Já me odiei por te amar tantas vezes. Mas eu suporto, apesar disso tudo, o que mais me dar forças para abrir meus olhos de manhã, é olhar no espelho... Sim, olhar no espelho, pois vejo refletido nos meus olhos um possível futuro em que eu mais você sejamos UM.

Você é a nota que eu sempre procurei, minha nona viola.



- João Paulo Hoffmann