Eça Pistola entra na casa grande de seu Patrão,
o Coronel (chamado por um nome de muitos outros coronéis) Jesuíno e de uma
sinhá muito da boa gente, conhecida como Sinhá Benta. Ela era bem diferente de
seu esposo, que era um péssimo patrão e um homem que se aproveitava da fome de
quem tem fome. Eça bem sabia disso.
Eça Pistola havia sido contratado para
executar inimigos políticos e pessoais de seu patrão. Reza-se um boato de que
este Coronel (Cabra de muito respeito pela alta sociedade da época, diga-se de
passagem) mantinha sua sinhá presa desde os quatro anos de idade.
Ela sofreu tudo que depõe contra uma
infância e a liberdade. Pobre coitada... Mas era rica na sua pouca honra que
ainda era dela.
Logo ao entrar na casa grande, Eça Pistola
se depara com a Sinhá Benta de olho roxo por conta do seu marido:
- Queres almoçar, seu Eça? - perguntou a
sinhá.
- quero não dona, agora, se tiver um
"restinho de comida"... quero sim.
- Oxe, e como tem! Você come feijão, arroz
e bife...?
Aquele que não seria um
"almoço", mas, "um resto de comida", acabou sendo a melhor
refeição, em meses, do seu Eça Pistola.
Ele reconhecia a boa alma de Sinhá
Benta... E graças a ela, um sentimento de justiça misturado com vingança (ódio
contra o Coronel, e amor pela Sinhá), explodia dentro do peito de seu Eça.
Essa a cor da
Essa do trabalho
Essa morte
Essa soa
Essa cachaça
Essa fome
Essa tristeza
Essa dignidade?
Eça reconhece
Eça mata.