quarta-feira, 14 de maio de 2014

Vírus do Tiozinho - Livro TORRE 3001


Tiozinho abre uma lata de cerveja - depois de beber metade de uma garrafa whisky 12 anos - dá um gole e entra no seu carro de 80 mil reais, grita para seus filhos entrarem no carro.

- O filho mais velho (15 anos) estava feliz por ter transado pela primeira vez em um bordel que seu pai o havia levado.
- O filho de 13 anos quis fazer aula de pintura, mas não pôde pois seu pai disse ser coisa de marica.
- A filha mais nova de 11 anos está triste, pois o seu pai dispensou a empregada Maria por ter um filho (Jesusinho) que é o melhor amigo da filhinha do patrão.

O tiozinho é contra ações sociais e acha que o Brasil progrediu na ditadura com Itaipu e a ponte Rio Niterói. Viajou esses dias de avião e achou um absurdo sentar ao lado de tanta gentinha.
Mas tiozinho é gente boa, vai a igreja todo domingo e até da esmolas aos mendigos.

Tiozinho é senador e foi eleito usando promessas de melhoria da educação publica - seus filhos estudam na melhor escola particular da sua cidade.

Tiozinho é contra o fato de pessoas do mesmo sexo poderem casar e adotar um filho. Interessante pensar que aos sábados a noite ele contrata travestis para usar e abusar, enquanto seus filhos mal veem o pai, e quando o veem está muito ocupado ou bêbado. Todavia, Tiozinho é um bom pai, nunca deixou faltar nada para seus filhos, apenas o amor, mas amor é coisa de vagabundo.

O tiozinho (que bebe ao menos duas doses de bebida quente por dia) começa a falar que drogado não merece ser internado e nem ser tratado por especialistas, "todo drogado é bandido por financiar o trafico e merece ir pra cadeia".
Em falar de bandido, o Tiozinho acha que bandido bom é bandido morto... e que matar galinha pra fazer macumba é algo desumano.

Nenhum de nós está livre de ser abatido pelo vírus do tiozinho.
Mas a vacina ta aí,
Toma quem quiser.

João Paulo Hoffmann e Ciro Carvalho